Foto: André Feltes / Agencia RBS
O que era para ser
uma reunião escolar com medidas educativas para os alunos mais bagunceiros
transformou-se em tumulto, com PMs e adolescentes feridos, mães desesperadas,
viaturas apedrejadas e muito tumulto. O incidente ocorreu na tarde de
terça-feira na Escola Estadual José do Patrocínio, na Restinga Velha, Zona Sul
de Porto Alegre.
Cinco meninos (quatro
com antecedentes criminais) e uma menina foram encaminhados ao Deca - alguns
por desacato, outros por dano a patrimônio público. A polícia descobriu que um
deles, de 15 anos, estava foragido da Fase, onde deveria cumprir medida
socioeducativa por crime de tráfico.
Por volta das 15h, a direção
da escola reuniu, na sala de vídeo, cerca de 25 alunos considerados
indisciplinados. A ideia, conta a vice-diretora Magnólia Cortes Gomes, era dar
uma palestra educativa a todos. Um sargento, que trabalha no posto móvel da BM
anexo à escola, foi chamado para garantir a ordem. Ele foi até a sala e,
segundo relato de professores e de PMs, um dos alunos começou a insultá-lo. O
PM de 52 anos teria pedido pelo menos três vezes para ele parar, mas o menino
teria se negado e, então, recebido voz de prisão. Como o rapaz negou-se a se
entregar, o policial chamou reforço e, em minutos, mais três brigadianos foram
à sala. Houve luta entre os PMs e cerca de 15 adolescentes - seis deles foram
apreendidos. Por telefone, os policiais pediram reforços e relataram o ocorrido.
O que estava ruim, piorou bastante.
Duas viaturas foram
ao local. Enquanto policias exibiam espingardas, outros, com cassetetes,
agrediam todos que estavam no corre-corre que, a essa altura, havia se formado
no entorno do colégio, na esquina das ruas Da Abolição e Belize. Mães de alunos
asseguram que houve excesso da Brigada Militar. As aulas foram canceladas.
- Meu filho só não
foi levado ao Deca porque o pai dele veio buscá-lo. Mas ele apanhou nas costas,
ficou machucado. Isso não se faz, eles não têm direito de agredir adolescentes
- protestou Denise Souza, mãe de um dos rapazes.
Pelo menos cinco
meninos e um sargento foram encaminhados ao Posto Médico Moinhos de Vento, mas
nenhum em situação grave. Um PM teve parte da farda rasgada em meio ao tumulto.
No final da tarde,
representantes da Brigada Militar e da escola se reuniram. Uma professora, que
pediu para não ser identificada, assegurou que, mesmo com o posto da Brigada
colado no colégio, a relação entre alunos e PMs é péssima.
Brigada vai investigar
Comandante do 21º
BPM, o major Egon Kvietinski disse que vai investigar se houve excesso dos
policiais na ação. Várias crianças gravaram, em celular, a abordagem dos
policiais. Conforme o oficial, se a polícia tiver acesso às imagens, vai
analisá-las também. Ele admitiu que alguns soldados usavam armas longas.
- É porque é a arma
de trabalho deles, quando foram chamados ao local, não tinham onde deixá-las.
Não poderiam deixar no carro, sob risco de serem furtadas. Mas em nenhum
momento ameaçaram atirar - afirmou.
O colégio funciona
nos três períodos e tem 1.630 alunos matriculados.
Fonte: Renato Gava |
DIÁRIO GAÚCHO
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