quinta-feira, 18 de abril de 2013

Novo Hamburgo: Diretora de licitações da prefeitura também é investigada pela Operação Capivara do Ministério Público

Segundo Promotoria, funcionária pediria dinheiro para empreiteiras


     A diretora de Compras e Licitações da Prefeitura de Novo Hamburgo, Carla Bertinatto, também é investigada pela Operação Capivara do Ministério Público. Segundo documentos sigilosos da Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, escutas telefônicas teriam flagrado ela pedindo dinheiro para construtoras que mantêm negócios com a administração municipal e tratando de supostos favorecimentos em tomada de preços. O órgão apura se houve fraude em licitações para beneficiar essas empreiteiras. A diretora nega envolvimento e diz que apenas captava recursos para campanha eleitoral.

     Uma das empresas supostamente favorecidas é a Construtora Fagundes, de Novo Hamburgo. “Como restou comprovado, Carla Bertinatto possui estreita relação com Paulo Fagundes (dono da empreiteira) e já foi citada como beneficiária de R$ 5 mil”, diz o relatório do Ministério Público. É a mesma firma que teria contado com a interferência do presidente da Câmara de Vereadores, Antonio Lucas, para vencer a concorrência da restauração do prédio histórico da Avenida Doutor Maurício Cardoso, no bairro Hamburgo Velho – nas gravações, aparece como obra do Lar da Menina em referência à instituição que ocupou o imóvel de 1969 até 1983, quando foi para a nova sede, no bairro São Jorge.

“Não houve fraude”, diz Carla Bertinatto

Cargo de confiança desde o governo Tarcísio, a diretora afirma que não houve fraudes em licitações e frisa que o dinheiro que pediu a empreiteiras era para campanha eleitoral. Também diz que não possui ligações indevidas com construtoras.

Como a senhora encara a suspeita de fraude em licitações?

Carla Bertinatto - Estou bem tranquila, à disposição para qualquer esclarecimento. Não homologamos nenhum processo licitatório com preço acima do que foi orçado pelo Município. Aqui não houve fraude. Não houve captação de recurso para benefício próprio.

O relatório diz que a senhora teria recebido R$ 5 mil e teria pedido mais R$ 15 mil para pagar advogado do “excelentíssimo”.

Carla - Não houve esse diálogo.

Há uma gravação em que a senhora teria pedido dinheiro para uma empreiteira, que respondeu que estava com problema de fluxo.

Carla - Isso é campanha. Na parte financeira, realmente existe captação para campanha.

Esses contatos foram feitos na Prefeitura?

Carla - Eu fiz ligações com meu celular. Agora os horários vou ver onde estava.

Os pedidos de dinheiro estão relacionados a favores em licitações?

Carla - Isso não. Sob hipótese alguma.

Prefeitura abre sindicância

     Segundo o prefeito Luis Lauermann, foi aberta sindicância na terça-feira para apurar os fatos trazidos pelo Jornal NH. Lauermann diz que Carla Bertinatto não será afastada, pois, segundo ele, não quer fazer prejulgamento. De acordo com a assessoria de imprensa da administração municipal, a obra do prédio histórico de Hamburgo Velho, que segundo a Promotoria, teria tido fraude na licitação, foi paralisada no início do mês porque a Prefeitura não concordou com a troca de engenheiro por parte da Construtora Fagundes. A restauração foi orçada em R$ 2,58 milhões – R$ 2 milhões de recursos federais e o restante como contrapartida do Município. O dono da Construtora Fagundes, Paulo Fagundes, e o representante da DP Ayres, Douglas, não quiseram se manifestar ontem. O diretor da Fator Engenharia, Hed Wobeto, resume que o assunto está sob análise da assessoria jurídica da empresa e a Marsou, por meio do representante Emanuel Lopes da Silva, falou que desistiu da licitação da restauração do prédio histórico de Hamburgo Velho porque a Prefeitura teria inabilitado indevidamente a empreiteira. O Ministério Público segue nas investigações com novas escutas.

Fonte: Sílvio Milani | Jornal NH

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