segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Prefeito de Montenegro passa a despachar de uma lona montada no pátio da prefeitura

Paulo Azeredo (PDT) afirma que o antigo gabinete era de difícil acesso à população
Prefeito de Montenegro passa a despachar de uma lona montada no pátio da prefeitura Charles Dias/Especial
Prefeito atende aos moradores debaixo de uma lona no pátioFoto: Charles Dias / Especial

     O novo gabinete do prefeito de Montenegro, no Vale do Caí, não tem portas e não tem janelas. O espaço, que não pode ser chamado de sala, não tem quadros porque não há paredes. Desde o primeiro dia de governo, Paulo Azeredo (PDT) administra o município de mais de 59 mil habitantes a partir de uma lona montada no pátio da prefeitura.

     Diariamente os moradores chegam ao local sem sequer passarem pela recepção da prefeitura. Quem precisa de atendimento entra pelo que antes era o acesso ao estacionamento, e vai direto até a mesa do prefeito. E não é só Azeredo quem agora despacha de lá. No local há uma recepcionista, a ouvidoria da prefeitura e uma mesa dedicada à assessoria de comunicação.

     Azeredo diz que a opção por atender aos moradores na lona é o cumprimento de uma promessa de campanha. Segundo ele, o gabinete usado há mais de 100 anos restringiria o contato com o público. Além disso, uma escada, que leva até o andar do gabinete, prejudicava o acesso a deficientes e idosos.

     — Existem muitas portas entre o povo e o prefeito. Desde que feito com ordem, esse é o melhor método — aprova o vice-prefeito, Luiz Américo Algara (PSOL).

Gabinete pode ficar no local

     A ideia inicial era levar o gabinete para o térreo, mas uma obra no prédio centenário da prefeitura impediu a mudança. A decisão foi por manter a estrutura no pátio até o próximo dia 12, mas a administração entende que os resultados são positivos, e pode estender a permanência do prefeito no local.

     — Pagamos R$ 20 mil em aluguéis em outros prédios. Talvez possamos refazer essa estrutura no pátio para que ela se torne permanente, e aí poderemos trazer as secretarias para esse prédio, poupando dinheiro e centralizando tudo — ressalta o prefeito.

Demandas dos moradores são ouvidas pelo próprio prefeito

     Um velho ventilador tentava espantar o calor abafado que fazia na tarde desta segunda-feira enquanto os moradores chegavam em grupos buscando atendimento. Era uma nova praça em um bairro, um pedido para que uma escola fosse aberta nos finais de semana, e outros buscando uma vaga de emprego no início de governo. A todos, o prefeito atendia com uma cuia na mão, e ia repassando as demandas aos secretários.

     — Pega aqui a cuia e enche o chimarrão. Quem tomar já enche para o próximo da fila — orientava o prefeito.

     Não há marcação de horários na agenda, e nem mesmo quem era atendido sabia a ordem da fila. Alguns vinham apenas para cumprimentar o prefeito, e seguiam para outros afazeres. O prefeito não mantém nenhuma sala para reuniões ou outro escritório. A assinatura de papeis e as conversas com os secretários são feitas no mesmo lugar.

     — É assim mesmo que funciona. Alguns chegam, veem que está lotado e vão ao centro fazer outra coisa para depois voltar. Não temos outra estrutura. Tudo o que fazemos é público, não há nada que não possa ser visto — explica Azeredo.

     Durante as sextas-feiras, o gabinete do prefeito é transferido para as localidades do interior. O funcionamento é o mesmo da lona, com as pessoas sendo atendidas por Azeredo.

Fonte: Álisson Coelho / ZERO HORA

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