Família Ulian gastou mais de R$ 25 mil em equipamentos de segurançaFoto: Charles Dias / Especial
Depois de seis assaltos, a família Ulian
decidiu cercar toda a casa onde vive, na zona rural de Flores da Cunha,
obstruindo a vista privilegiada para os bucólicos parreirais e consumindo
recursos que deveriam ser investidos na produção. Foram R$ 25 mil gastos em um
sistema de câmeras de segurança e uma cerca elétrica que vai do chão até acima
da cerca de arame de mais de dois metros. Eles nem nutrem a esperança de que
isso impeça novos ataques, apenas querem ter um pouco mais de sensação de
segurança.
— Sabemos que isso não vai impedir que
eles nos assaltem, mas pelo menos vai atrapalhar. Tudo o que colocamos aqui
também faz com que a gente se sinta menos desprotegida — afirma Roberta Ulian,
32 anos.
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atraem os assaltantes para a Serra
A sensação de insegurança descrita por Roberta se intensificou entre os mais de 800 mil moradores da Serra com os recentes casos de ataques violentos a bancos, casas e propriedades rurais. Os números da Brigada Militar indicam que os assaltos na região se estabilizaram, mas, na avaliação do comandante da Brigada Militar, coronel Sérgio Roberto de Abreu, o que aumentou foi o medo das comunidades:
A sensação de insegurança descrita por Roberta se intensificou entre os mais de 800 mil moradores da Serra com os recentes casos de ataques violentos a bancos, casas e propriedades rurais. Os números da Brigada Militar indicam que os assaltos na região se estabilizaram, mas, na avaliação do comandante da Brigada Militar, coronel Sérgio Roberto de Abreu, o que aumentou foi o medo das comunidades:
— Não há aumento expressivo de roubos na
Serra. O que acontece é que os casos que tivemos nos últimos meses foram
violentos, e geraram repercussão nas comunidades. A isso se deve a sensação de
insegurança — afirma.
Nos últimos três meses, ataques com
explosivos e com reféns vem chamando a atenção. Os criminosos costumam chegar em
grupos de três ou mais bandidos, sempre usando armas de grosso calibre. Em
dezembro, em um espaço de uma semana, foram atacados bancos em Guaporé, Nova
Pádua e Antônio Prado. Morador de um prédio vizinho ao Banco do Brasil de
Antônio Prado, o empresário Arlindo José Mazzotti, ao abrir as janelas, agora
depara com as luminárias da rua furadas por tiros:
— Minha filha não quer mais ficar sozinha
depois daquele dia. Fomos acordados pelos tiros, e ela teve de se esconder
debaixo da cama.
Além dos assaltos a bancos e outros alvos
— como a fábrica de joias de Cotiporã, no dia 30 de dezembro —, parte do medo é
creditado aos sucessivos ataques a residências. Após invadir as casas, grande
parte delas em localidades do Interior, os criminosos fazem as famílias reféns,
em ações que podem durar horas.
— Os assaltos no Interior estão deixando
de ser casos isolados. Tem sido mais fácil para os bandidos agirem nessas
comunidades, por isso estamos pedindo à BM mais efetivo nas cidades menores —
afirma o presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do
Nordeste (Amesme), Adenir José Dallé.
Maior município da Serra, Caxias do Sul
registrou aumento nos casos de roubos a residências em que os moradores foram
feridos por assaltantes. Foram nove em 2011 contra 14 em 2012. No total foram
registrados 1,9 mil roubos até novembro do ano passado, contra 1.538 casos em
todo o ano de 2011. A violência na cidade, de acordo com a BM, é um termômetro
do que acontece em toda a região.
— Priorizamos o policiamento em Caxias, porque
a violência da cidade acaba se espalhando. O que acontece em Caxias reflete em
toda a região — diz o tenente-coronel Leonel Bueno, que responde pelo Comando
Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da Serra.
Fonte:
Álisson Coelho / ZERO HORA
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