terça-feira, 24 de abril de 2012

Sudão declarou guerra ao Sudão do Sul, afirma presidente sul-sudanês

Sudão declarou guerra ao Sudão do Sul, afirma presidente sul-sudanês ASHRAF SHAZLY/AFP
Após combates, soldados sudaneses observam restos de armamento em HegligFoto: ASHRAF SHAZLY / AFP

     O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, afirmou nesta terça-feira em Pequim, na China, que o governo do Sudão declarou guerra ao seu país, no momento em que os confrontos entre os dois Estados são intensos.

     A visita a China de Kiir pode ter um efeito positivo pelos investimentos de Pequim na região, que obrigam as autoridades do gigante asiático a tentar acalmar os ânimos entre Sudão e Sudão do Sul.

     Na madrugada desta terça-feira, a aviação sudanesa bombardeou várias regiões petroleiras na fronteira com o Sudão do Sul, afirmou Taban Deng, governador do estado sul-sudanês de Unidade.

     O serviço de inteligência militar do Sudão do Sul afirmou que o Exército de Cartum prepara uma ofensiva contra Bentiu, capital de Unidade, situado a 60 km da fronteira. Os confrontos na fronteira entre os dois países são intensos desde o fim de março.

Tensão na fronteira

     A crise ocorre menos de um ano depois da independência do Sudão do Sul. Aviões sudaneses bombardearam três áreas do país vizinho.

     A comunidade internacional pediu que os dois países resolvam com diálogo suas disputas, que vão desde a definição da fronteira até a propriedade de recursos petroleiros.

     Os bombardeios do Sudão ao vizinho atingiram um mercado público e quase destruíram uma ponte. Um homem e um menino morreram com o ataque. A região fica próxima à jazida petroleira de Heglig, que havia sido invadida pelo exército sul-sudanês no dia 10. A região petrolífera é uma zona fronteiriça reivindicada pelos dois países, mas reconhecida como sudanesa pela comunidade internacional.

     Na sexta-feira, a tensão parecia ter sido aliviada quando o Sudão do Sul disse que retiraria suas tropas de Heglig. Mesmo assim, o Sudão bombardeou o território vizinho.

     — Não se negocia com esta gente. Com eles, negociamos com fuzis e balas — afirmou o presidente do Sudão, Omar al-Bashir.

     Depois de duas semanas de violentos combates por terra, a região em disputa estava repleta de cadáveres de soldados sul-sudaneses. Os combates danificaram gravemente as instalações petroleiras, que representam a metade da produção do Sudão. Um depósito e oito geradores foram destruídos por um incêndio e o petróleo se espalhou pelo local administrado pelo consórcio majoritariamente chinês Greater Nile Petroleum Operating Company.

     A suspensão da produção petroleira em Heglig, desde o dia 10 de abril, enfraqueceu ainda mais a economia sudanesa, em crise desde a divisão do país, que deixou três quartos das reservas petroleiras no Sudão do Sul.

     Os ex-rebeldes sulistas do SPLN, no poder no Sudão do Sul desde a independência, em julho passado, teriam perdido 1,2 mil homens.

Fonte: ZERO HORA, com informações da AFP

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